Perder um ente querido não é nada fácil, principalmente quando a morte acontece de forma súbita devido a doenças ou acidente. Quando é dessa forma, o processo de elaboração tende a ser mais desafiante e duradouro. Ao contrário, quando a morte acontece devido a velhice ou uma doença que acomete a pessoa aos poucos e lentamente, as pessoas próximas vivenciam o processo de luto com a pessoa ainda viva, então a morte é menos impactante. Isso não quer dizer que não é triste e intenso, mas já era algo possível.
Há muita semelhança entre depressão e luto. A perda de alguém importante traz sentimentos de tristeza e pesar, angústia profunda, vazio interno, falta de vontade e motivação e uma sensação de não pertencimento. Pode haver casos em que há ambivalência de sentimentos, e a pessoa pode sentir raiva da pessoa perdida por ter a deixado ou rejeitado. “Como você me deixou? Como pode fazer isso comigo?”
É importante ressaltar que até 2 anos, é considerado absolutamente normal a presença de sintomas de depressão na fase de luto. Após esse período, seria importante uma avaliação de um médico para que verifique a necessidade do uso de medicação para ajudar no processo de aceitação.
O luto não se resume a morte de alguém amado, mas todas as perdas que temos ao longo da vida. Terminar um namoro ou casamento, perder um emprego, perder sua identidade devido a algum acontecimento em sua vida (por exemplo, tornar-se pais), mudar de cidade. Tudo que envolve uma grande mudança pode ser um grande processo de luto.
Há variadas formas de amenizar o sofrimento de uma perda. Uma delas é falar do que você está passando. Isso o ajuda a organizar os pensamentos e sentimentos, podendo ao longo do processo desidentificar com a perda e retomar sua vida e sua vontade de viver. Uma psicoterapia de apoio neste momento pode catalisar esse processo, já que na nossa sociedade não está condicionada a falar de sentimentos, e muito menos falar sobre a morte. Sempre há caminhos. Lembre-se: tente fazer por você mesmo. Se não conseguir, procure ajuda! Estou a disposição com todo carinho, Patricia.