No mês da conscientização sobre o Câncer de Mama continuamos observando como a psicoterapia se relaciona com os tratamentos disponíveis. Percebemos logo no início do processo, desde o diagnóstico, a paciente apresentando um desequilíbrio emocional frente ao medo do futuro que o Câncer acomete. Uma das consequências do tratamento, a mastectomia, consiste em uma cirurgia de retirada parcial ou total da mama, influenciando diretamente na estética e na autoestima da mulher. Alguns tratamentos são hormonais ou de quimioterapia, e apesar de muito importantes para destruição do tumor, este último é bastante agressivo para o corpo físico e estético (vitalidade da pessoa).
A psicoterapia tem fundamental importância nesses processos, pois contribui muito para a digestibilidade das informações que a paciente recebe desde o diagnóstico até o acompanhamento no processo de luto da perda do seio, promovendo a resiliência que se é necessária para um tratamento considerado tão intenso.
Para além disso, a psicoterapia é importante para se trabalhar o que está por detrás da doença. Quando surge um possível desânimo de viver é fundamental focar em questões como: “quais são os motivos?”, “quais são as razões?, tudo isso, na maioria das vezes está inconsciente.
No post anterior, falamos sobre as possíveis causas psicossomáticas que a paciente pode ter. O tratamento da psicoterapia coopera em obter uma melhor consciência dessas causas para então ressignificá-las.
Perceber em quais momentos de sua vida, a pessoa se perdeu de si mesma em sua própria individualidade, e trabalhar para conectar-se com sua essência e impor-se perante a vida é um dos benefícios da psicoterapia. Assim, será possível alimentar-se, nutrir-se da Vida, pois ela com sua força interior, poderá fazer e colocar para fora o que ela realmente quer, realizar seu sonho, assumir a força da mulher que sabe, vê e realiza.
Devido à uma possível desconexão, a expressão dos seus sentimentos pode ter sido embotada. É importante que a paciente “abra seu peito”, e expresse sua agressividade e outras emoções. Expressando suas emoções e conectando-se com sua essência, a ternura e entrega típica maternal pode acontecer, abrindo mão do controle e da desconfiança perante a vida.
Normalmente é preciso rever sua relação com a figura materna e possivelmente ressignificá-la e curá-la. Liberar possíveis mágoas e raiva, que a impediram de amar incondicionalmente. E mais que isso, confiar no mundo e em si mesma, por não achar-se digna do amor da mãe e consequentemente do mundo. Confiar no feminino que a habita e que habita em todos os seres.
Diante de tudo isso, fica muito mais tranquilo encontrar um equilíbrio da doação. Normalmente, pacientes com Câncer de mama se doam demais ou se doam de menos. A mãe, em seu esplendor, sabe quando é preciso doar-se para o filho, e quando precisa recuar para o filho dominar a sua vida. Assim devem ser as pessoas consigo mesmas. De forma intuitivamente e conectadas ao seu coração (sem bloqueios emocionais), devem saber quando precisam se doar e quando é hora de recuar para atingir seus objetivos.
A cura desses aspectos emocionais abordados na psicoterapia é parte importante, sempre aliados aos demais tratamentos. Muita resiliência, paciência e amor consigo. Conte comigo, Patricia.