Olá! Vamos para mais um artigo mais “rebuscado”: falar das consequências da infância para a maturidade sexual do adulto. Quem me conhece ou me acompanha sabe que sou mãe de um menino de dois anos. E desde que engravidei, tenho estudado mais profundamente sobre gravidez, parto e desenvolvimento infantil. Tinha um livro da abordagem bioenergética na minha estante, o qual li algumas páginas há muitos anos atrás. Chama-se Amor e Orgasmo, de Alexander Lowen. E recentemente ele tem sido meu livro de cabeceira. Nunca imaginei que em um livro com este nome haveria desenvolvimento infantil. Pois é queridos, não é a toa que eu o busquei novamente.
No livro, é citado que há duas situações que promovem a dissociação entre sexo e amor na infância. Uma delas é a fixação do desenvolvimento psicossexual da criança no nível oral, devido à falta de gratificação de suas necessidades orais. E a outra é a proibição imposta sobre as manifestações sexuais, que são normais nas crianças.
Qual é a primeira situação na infância que pode contribuir para a maturidade sexual do adulto?
O que são as necessidades orais das crianças para Lowen? Elas incluem as necessidades de contato corporal, de alimento, de afeto e cuidado. Se a gente for analisar, as duas primeiras são satisfeitas pela amamentação ao seio. Além do que, a relação entre a boca e o mamilo na criança parece ser o protótipo da futura relação genital entre pênis e vagina no adulto. Através da amamentação, a criança manifesta seu amor e sua mãe a retribui, e elas se fundem numa pessoa só (igual na relação sexual). Portanto, a qualidade do amor que a criança sente neste encontro determinará a forma de suas respostas amorosas quando for adulta.
Lowen trouxe o experimento dos macacos que comprovam o parágrafo anterior. Macacos rhesus recém nascidos foram separados de suas mães e criados com mãe substitutas. Estas últimas eram feitas de arame, sendo uma delas revestida de película aquecida. A outra era dotada de uma mamadeira com bico para promover nutrição. Descobriu-se que os macacos bebês preferiram a mãe de pelúcia. Ou seja, sua necessidade de acolhimento era maior do que sua necessidade de alimento. E pasmem, todos os macacos do experimento não conseguiram realizar com êxito o ato sexual quando atingiram a maturidade.
Conclui-se que a privação de amor durante os primeiros anos de vida resulta numa pessoa não preenchida, vazia e emocionalmente imatura. Consequentemente pode apresentar relacionamentos dependentes pelo anseio da necessidade de contato ou pessoas que têm relação sexual, e que não veem o amor como parte importante do sexo. Quantos casos não vemos por aí com estes “sintomas”?
Qual é a segunda situação na infância que pode contribuir para a maturidade sexual do adulto?
Lowen traz a segunda situação de cisão entre o amor e sexo, que é a proibição e repressão de qualquer manifestação da sexualidade infantil pelos pais e cuidadores. A severidade das proibições que são comuns de serem acompanhadas de punição, é um reflexo direto da culpa dos pais quanto à própria sexualidade, que é projetada e condicionada nos seus filhos. Porém vale frisar que a atividade sexual da criança embora dê satisfação, serve o mesmo objetivo que as demais atividades lúdicas. Elas querem descobrir o mundo e as possibilidades de prazer. Não há malícia ou algo de errado, como pensam os pais. É simplesmente normal e natural. E deixá-lo explorar o próprio corpo e explicar à eles o local e momento apropriados para tal exploração.
Contribuição da Antroposofia para a infância e maturidade sexual do adulto
Na Antroposofia, Rudolf Steiner traz a presença de 12 sentidos, em vez de cinco somente como conhecemos no senso comum. Todavia, quero me focar no primeiro setênio, em que Steiner fala que é muito valioso o desenvolvimento de quatro sentidos: tato, vital, movimento e equilíbrio. E hoje irei falar do tato, que é o sentido que tem mais a ver com a leitura do livro que trouxe.
O tato é desenvolvido pelo aconchego proporcionado pela mãe, pelo olhar amoroso, pelo carinho, pelo toque de sua voz terna. E claro pela amamentação. Só este ato, você preenche os órgãos com um leite saboroso, nutritivo e quentinho, acariciando todos centímetros do corpo interno do bebê. A pelé já é um orgão, e o maior de todos. O bebê está sendo abraçado e olhado. Por isso é muito importante enquanto amamenta, você olhar para seu filho, e não para uma TV. Isso faz a diferença, pois aumenta o vínculo entre vocês. Assim, o sentido vital é também estimulado, pois este sentido é responsável pelo bem-estar do seu fiho.
Algumas de vocês devem estar perguntando: mas e as mães que não têm leite ou não quiseram amamentar? Sem problemas. Dê a mamadeira dando o aconchego, e o tateie com as mãos, voz e olhares. E se possível, em vez de chupetas, que são feitas de material plástico, se for do seu agrado, dê seu peito para ser mais intenso e puro este contato. Não quer? Tudo bem: mãe feliz, bebê feliz. No entanto, lembre-se que você está fazendo um bem tremendo para seu desenvolvimento emocional e que vai mais além, para seu desenvolvimento sexual. Neste caso, além do prazer do contato na relação sexual, para ele será importante conectar o amor ao sexo. Isso é maturidade sexual.
Isso tem sido desafiante de encontrar na nossa sociedade, afinal muitas pessoas têm relação sexual somente para ter prazer ou liberar tensão. Esquecem-se que o mais lindo desse encontro, é a conexão que você pode ter com a pessoa. Em outras palavras, a conexão entre o divino que habita em ambas as pessoas. Sem dúvida, na nossa sociedade atual, a exploração da pele na relação sexual foi minimizada e as pessoas só ficam fixadas no genital. Podemos levantar essa hipótese com a maturidade sexual do adulto não? Do quanto as pessoas não foram devidamente satisfeitas na sua fase oral?
Contribuição pessoal para infância e maturidade sexual do adulto
Meu filho tem dois anos e ainda o amamento. Muito pouco por dia, talvez 10 minutos por dia no máximo. Porém hoje é o que ele precisa, e tem diminuído pouco a pouco. Ouço críticas, olhares e mensagens de que ele já esta grande para isso. Mas aí me pergunto? Por que as crianças de dois anos podem usar chupeta e não “chupetar” o peito de sua mãe? Meu filho não usa chupeta, mas pede meu peito. Então, chupeta pode e peito não? Será que essa rejeição expressa com relação a dar o peito ao seu filho não tem a ver com a sua sexualidade reprimida? Vale a reflexão.
Meu filho ainda usa fraldas. Se for pensar na teoria psicanalítica, Freud trouxe que após a fase oral, vem a fase anal. Nesta fase, a criança passa a desenvolver a força dos esfíncteres e ter consciência deles, para assim deixar de usar fraldas. Sinto que neste momento é natural o desmame, que é justamente fase em que há a briga dos pais com a tal chupeta. As crianças ficam dependentes da chupeta, e para concluir acredito que na verdade é porque a satisfação oral não foi suprida. Portanto a chupeta torna-se um amuleto. Gente, estou falando de casos gerais, porem eu sei que não se aplica a todas as crianças. Ok? 😉
Pode ser que algumas pessoas falem: “Poxa Patricia, não amamentei e dei chupeta”. Está tudo bem, você fez seu melhor. Lá na frente, se você perceber algo que seu filho precisa trabalhar (exemplo: falta de maturidade sexual), você pode promover tratamento ou terapia para ajuda-lo em seu processo. Ora, meu filho inevitavelmente terá coisas a serem trabalhadas. Não sou perfeita, e ninguém é. Não existe neste mundo uma forma de conseguir atender as necessidades de todos, mesmo que desejamos. Então, se acolha quando não conseguir e está tudo bem.
Espero que tenham gostado. Um beijo enooorme, Patricia.
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