Diferença entre Depressão Pós-parto e Baby blues

Dando continuidade a semana passada, cujo artigo quis mencionar Depressão pós-parto e Baby Blues, mas achei oportuno escrever um artigo somente sobre isso. É um tema pouquíssimo falado e que gera muita confusão, que as pessoas tendem a generalizar casos de Baby Blues para Depressão pós-parto.

O que é Depressão Pós-parto?

É uma depressão com seus respectivos sintomas que acontece logo após a mulher parir, e dura mais de seis meses. Os casos com esse tipo de depressão acontecem mais em mulheres que já tiveram diagnóstico de depressão ou algum outro transtorno psiquiátrico anteriormente e infelizmente muitas mulheres não estão cientes disso. 

Antes do parto, as mulheres não vêem a hora de ver seus filhos e viver a emoção que todos relatam ao ter um filho. E quando era para estar feliz e sorridente, as mulheres se percebem angustiadas e irritadas. E o bebê que era pra ser a coisa mais linda da vida passa a ser um estorvo e elas passam a rejeitá-lo. As mães podem ser suicidas e as vezes têm pensamentos de matar seus bebês e algumas chegam a consumar. Por isso, caso percebam sintomas e comportamentos semelhantes a isso, a mãe precisa ser encaminhada para tratamento psiquiátrico o quanto antes, para minimizar o sofrimento e evitar possíveis tragédias.

O que é Baby Blues?

Já o Baby Blues é um fenômeno transitório que envolve mudanças de humor e choro repentino, e pode ter duração de até um mês. E é mais comum do que se fala, 50% a 80% das mulheres pós-parto vivem esta experiência. Apesar de uma angústia sem motivo aparente, irritabilidade, perda de apetite, distúrbio do sono, tendência ao choro, instabilidade emocional e sentimentos ambivalentes, não precisa ser considerado sério como a depressão pós-parto.

Isso tudo acontece devido ao desconforto físico pós-parto, estresse associados ao parto e amamentação, cuidados com o bebê e também às alterações hormonais que ocorrem com o nascimento e o início de lactação.

Qual o tratamento para ambos os casos?

Como já citei anteriormente no caso de Depressão Pós-parto, a mamãe precisa passar com um psiquiatra, e se possível juntamente fazer uma psicoterapia. Vai precisar tomar medicamentos prescritos pelo médico, e claro todos os médicos estarem cientes, como o obstetra e pediatra que acompanham a mãe e bebê.

No caso de Baby Blues, medicamentos naturais, homeopáticos e antroposóficos podem ajudar muito. E a psicoterapia também contribui para a melhora do quadro, pois será um momento de escuta de suas angústias, medo, insegurança, que é esperado e normal sentir neste momento. 

Mudanças da mamãe no puérperio

É preciso entender que a vida da mulher que tem um filho muda 360 graus. O corpo muda, a rotina muda, os papéis mudam. Antes era filha somente, e precisa assumir o papel de mãe. As questões com sua figura materna introjetada vem à tona (já pode vir durante a gestação).

Trabalhava e não trabalha mais, não tem tempo para si e agora só tem os cuidados com o bebê. As pessoas só olham para o bebê e não mais para a mãe. E qualquer choro do bebê, a exigência das pessoas se vira para a mãe.

A amamentação no início não é fácil: dói muito, pode haver inflamações ou mastite. Havendo isso, a mãe precisa ficar de repouso. Daí vem a culpa, de querer cuidar e não poder.

As intromissões da família atrapalham muito e é muito comum haver insegurança e culpa, pois os palpites muitas vezes são contraditórios. 

Perde-se a liberdade de ir e vir, perde-se as noites de sono, perde-se libido, perde-se os jantares românticos com o marido, perde-se a própria identidade. Isso é muito profundo. E falo isso não porque não vale a pena ter filhos, vale sim!!!! Mas é preciso ter consciência que a mãe precisa de ajuda neste momento para lidar com as perdas e mudanças, se fortalecer para dar conta daquele serzinho lindo e frágil. A mãe estando bem e amparada, o filho também está, já que o vínculo mãe-bebê é muito forte. O que o bebê sente, ela sente e vice-versa.

Outro ponto a ter consciência é a mudança sistêmica familiar que muda com a entrada deste filho, mas isso é algo que posso falar em outro post, mas  adianto que os pais vão precisar se rever como família para ajustar o sistema. Isso depois da mãe estar fortalecida, é claro.

Cuide das mamães!

Levem-na para conversar com um psicólogo, falar de todas as mudanças ajuda muito a organizá-las dentro dela. Há grupos focados para este momento em que as mães podem trocar e ver que isso é comum para a maioria das mães, e não achar que ela é a única que passa por isso. Contem comigo, Patricia.